O Homem Cerveja foi atrás do Leornado Satt, um dos fundadores da Cervejas Sazonais, para saber um pouco mais sobre ela e os rótulos Cafuza uma autêntica Imperial Black India Pale Ale de ABV 9% e 100 IBUs e a belíssima Green Dream uma IPA de ABV 7,5% com 80 IBUs. Confira a entrevista abaixo.
1) Como e quando começou seu interesse em produzir cervejas?
Depois de uns 4 anos apenas bebendo cervejas boas, vi em algum fórum que alguém fazia cerveja em casa. Então comecei a ler blogs, sites e fiz um curso de produção em Campinas, pois não haviam curso na cidade de SP. Comprei os equipamentos um ano depois e fiz minha primeira brassagem. A primeira até que ficou mais ou menos, pois segui a risca a receita e os procedimentos. Já na segunda, achando que já sabia tudo, inventei a receita e mudei alguns parâmetros, ficou bem ruinzinha. Acho que só acertei a mão na quinta leva, quando fiz a Cacau Porter. Já perdi as contas de quantas levas já fiz, mas acredito que esteja próximo das 100.
2) As cervejas sazonais é composta por 3 cervejarias e elas fazem parte do mesmo grupo, como funciona essa divisão?
Somos 3 cervejeiros caseiros que se juntaram. Nós três criamos cada um sua própria marca. Eu criei a Cervejaria Prima Satt, o Bruno Moreno criou a Cervejaria Serra de Três Pontas e o Luciano Silva a Cervejaria Noturna, ainda quando caseiros. Então nos juntamos oficialmente e criamos a empresa chamada Cervejas Sazonais, e que é dona dessas 3 marcas.
Cerveja Cafuza uma autêntica Imperial Black IPA de ABV 9% e 100 IBUs (Cervejas Sazonais)
3) Qual propósito maior das Cervejas Sazonais?
A ideia é levar a cerveja artesanal para as pessoas que não estão acostumadas com o nosso dia-a-dia. Não temos dúvida que, na média, a cerveja artesanal é muito superior a cerveja convencional industrial e é esse propósito que queremos levar aos nossos clientes: cerveja de alta qualidade, sempre lançando receitas novas.
4) Qual será o destaque para o verão 2015?
Apesar de bebermos qualquer tipo de estilo em qualquer época do ano, sabemos que o mercado não funciona assim. Estão trabalhando em cervejas menos alcoólicas e com mais drinkability*, como Witbier e IPL (india pale lager). Mas nada definido ainda.
5) O mercado de cerveja artesanal está ficando mais difícil, mais
concorrido com a facilidade no acesso a informação e baixo custo inicial para se produzir cerveja?
O mercado de cerveja artesanal é completamente o oposto do mercado de cerveja comum. Esse mercado é promíscuo, ninguém é fiel a uma determinada marca, não existe um “Brahmeiro”. Se alguém lança uma cerveja nova, muitos vão querer provar. Eu vou querer provar, e isso é bom. Quanto mais gente produzindo, mais gente bebendo. Temos que aumentar a demanda. O mercado, como o tempo, fará seu papel de determinar que fica e quem sai.
Cerveja Green Dream uma IPA de ABV 7,5% com 80 IBUs
6) O que de fato encarece no processo de produção das cervejas artesanais e onde o governo ajuda ou prejudica nesse ciclo?
O preço da cerveja artesanal no Brasil hoje é bem alto principalmente devido a cadeia de impostos que todos pagam. Todos os impostos, municipais, estaduais e federais, incluindo os impostos trabalhistas, encarecem demais o produto. Sem contar a substituição tributaria que é paga quando se produz em um estado e se envia para outro. A cerveja chega a ter 30% de aumento nessa brincadeira.
7) Quais são as suas perspectivas para os próximos anos e como a cervejaria enxerga o cenário cervejeiro no Brasil?
Acredito que o crescimento é consistente, porém, flutuações podem ocorrer. Não adianta abrir uma cervejaria e produzir qualquer coisa. Pode ser que hoje se venda, pois há muita gente nova querendo beber qualquer coisa que aparece, mas uma hora isso irá se estabilizar, e a briga será no produto e não na novidade. Não que o produto tenha que ser o melhor do mundo, mas se for algo mais simples, deverá repercutir no preço. Acho que tem espaço para quase todo mundo, só morrerão aqueles que fazem cerveja de baixa qualidade e vendem caro apenas por escrever ARTESANAL como sufixo.
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*drinkability
No universo das cervejas especiais existem alguns critérios e padrões de medidas para avaliar a qualidade de cada rótulo. Estamos falando do Drinkability, um termo derivado do inglês composto por duas palavras: drink, que significa beber, e ability, que significa habilidade. Mas, antes de qualquer dedução precipitada, o termo não tem a ver com a habilidade de beber.
Drinkability é um conceito subjetivo que vai medir o quanto o líquido é bebível e agradável. Quanto maior o grau de drinkability maior é a satisfação provocada pela degustação da cerveja, o que faz com ela seja passível de ser consumida novamente.