Um dos mais importantes certificados cervejeiros do mundo terá sua primeira prova no Brasil nos dias 11 e 17 de novembro deste ano
O Brasil ama cerveja. E assim que como toda paixão nacional, a bebida não foge à regra e possui milhões de entendedores. Mas o que era conversa de bar se tornou profissão e ciência, transformando o Brasil em um dos países em que mais se estuda a bebida no mundo. Um reflexo disso é a chegada ao país da mais importante certificação cervejeira do mundo, o Cicerone, com etapas já agendadas para os dias 11 e 17 de novembro em Porto Alegre-RS.
Criado em 2009 nos Estados Unidos, por Ray Daniels, membro do Siebel Institute of Technology e ex-colaborador do Brewers Association, o Cicerone certifica Sommeliers em todo o planeta. Para isso, é necessária uma longa avaliação prática e teórica, dividida em três etapas, sendo a primeira um bloco com 178 perguntas, a segunda um teste cego com 12 amostras e a última, um teste prático de análise e montagem de equipamentos.
No Brasil, apenas uma pessoa possui a certificação. É a paulistana Beatriz Ruiz, gerente de conhecimento cervejeiro da Cervejaria Ambev e fundadora da confraria Goose Island Sisterhood. Ela foi certificada em maio de 2018. “É uma prova muito difícil. Foram 4 horas de prova, que exigiu um conhecimento bastante aprofundado de qualidade. Espero que mais brasileiros consigam esse Certificado, pois temos muitas pessoas trabalhando com cerveja no Brasil e precisamos mostrar isso para o mundo de várias formas”, conta Beatriz Ruiz.
Pensando nisso, Beatriz Ruiz selecionou sete dicas para quem quer conseguir um certificado Cicerone:
- O processo de preparação para a prova exige tempo intenso estudo. “Para mim funcionou como uma grande revisão, um aprendizado. Olhei novamente para coisas que tinha esquecido ou não tinha absorvido em minha formação”, afirma.
- Materiais que podem servir como base são: o guia do serviço de chope da Brewers Association, e os livros Tasting Beer, de Randy Mosher, e The Oxford Companion to Beer, de Garrett Oliver.
- Um outro item que deve ser lido e relido é o guia de estilos do BJCP, instituição que certifica juízes de campeonatos cervejeiros. Nele é possível encontrar até as respostas mais específicas, como teor alcoólico ou IBU (índice de amargor) de determinada cerveja.
- O teste cego é uma das principais etapas de avaliação. Por isso, é importante praticar bastante, com foco principalmente na detecção de estilos e off-flavors, que são as falhas ou defeitos nas cervejas.
- A variedade e as formas de harmonização também têm destaque na avaliação. Vale pesquisar o que tem sido feito no mundo em termos de harmonização e o que os principais mestres, sommeliers e cervejarias do mundo estão sugerindo.
- O ideal é que se tenha um foco especial para os temas relacionados ao chope. São muitas perguntas com um grau de dificuldade alto sobre o tema.
- Um ponto pouco lembrado mas vital para quem se sair bem na prova é a montagem, manutenção e limpeza dos equipamentos que fazem parte do dia-a-dia da profissão. Vale se aprofundar bem no funcionamento da chopeira, por exemplo, todas as suas partes e sua utilização.
Para quem se interessa em realizar a avaliação, as inscrições podem ser feitas pelo www.cicerone.org
Goose Island Sisterhood
Além de ser a única certificada com o Cicerone no Brasil, Beatriz Ruiz também é fundadora da confraria Goose Island Sisterhood, marca da Cervejaria Ambev, cujo objetivo é informar e empoderar as mulheres sobre o universo cervejeiro, inclusive, produzindo as próprias cervejas. Atualmente, nove meninas estão na linha de frente, mas 900 mulheres fazem parte do grupo no Facebook. Todo o lucro da venda das cervejas da confraria é doada para instituições que lutam em causas feministas.
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