Ao perder a visão, pessoas com deficiência visual podem aguçar outros sentidos como paladar e olfato, essenciais para um sommelier. Baseado nisso, o curso surge com o objetivo fomentar a inserção social
O som de uma garrafa (ou uma lata) ao abrir, o aroma ao cheirar o conteúdo do copo, a percepção do sabor e o gosto ao degustar os primeiros goles. Beber uma cerveja desperta sensações especiais nas pessoas. Imagine, então, para aqueles que não conseguem enxergar, mas possuem maior atenção e sensibilidade em todos os outros sentidos. Assim, Brahma Extra, em parceria com a Fundação Dorina Nowill para Cegos e o Instituto da Cerveja Brasil (ICB), inicia nesta semana a primeira turma do curso de “Sommeliers Extraordinários”. Não apenas para trazer uma experiência diferente para essas pessoas, mas para abrir uma nova porta no mercado de trabalho, em muitos casos, nunca antes imaginada.
Dados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho, apontam que apenas 1% do total de empregos formais no Brasil é ocupada por pessoas com deficiência. Considerando a deficiência visual, apesar do aumento de 16,3% no número de vagas em relação ao ano anterior, o total de empregados é de 62.135 pessoas.
Entre diversas características, um bom sommelier de cervejas trabalha seus mais diversos sentidos. A turma conta 20 alunos matriculados. São pessoas de diversas localidades do país, com profissões variadas e até universitários. Como é o caso do fotógrafo João Maia, de 42, responsável pelo site Fotografia Cega e único profissional com deficiência visual a fotografar os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Ou mesmo o universitário Carlos Eduardo, de 25, que perdeu quase toda a visão por conta de uma leucemia, mas segue estudando.
Em comum entre essas três pessoas e os outros 17 alunos, a deficiência visual, mas também a vontade de mostrar que a ausência da visão não os impede de buscar seus sonhos e novas oportunidades. E é exatamente isso o que a Brahma Extra quer mostrar com este projeto: por que não olhar pelo ângulo das oportunidades?
Acreditando neste potencial único que pode ser desenvolvido por meio da formação, a Brahma Extra se junta ao Instituto da Cerveja Brasil (ICB), à Fundação Dorina Nowill para Cegos, parceira do projeto, para adaptar o curso já oferecido para garantir a acessibilidade dos materiais. A adaptação inclui desde a tradução das apostilas para os formatos Braille e digital acessível, até taças do curso com Braille em sua base. A infraestrutura do Instituto da Cerveja Brasil (ICB), local das aulas, também foi adaptada com um chão tátil para orientação dos alunos. Isso sem contar a impressão de uma maquete 3D que ilustra uma cervejaria. Para melhor amparar os estudantes, os professores contaram com um treinamento prévio da Fundação Dorina Nowill para Cegos.
“A Brahma Extra sempre teve como grande objetivo aprofundar o conhecimento cervejeiro dos brasileiros, trazendo novos estilos de cervejas para cada vez mais mesas de bar e confraternizações em geral, tornando isso cada vez mais democrático em todo território nacional. Criar este curso faz parte dessa disseminação de conhecimento cervejeiro, mas com um gosto ainda mais especial, já que o fazemos, ao mesmo tempo que estamos ajudando na inserção de centenas de brasileiros no mercado de trabalho. Para nós é um prazer colocar projetos como este no ar, mais do que agradar, queremos fazer a diferença na vida das pessoas”, afirmou Maurício Landi, gerente de marketing de Brahma Extra.
Na fase de desenvolvimento do curso, em abril, uma turma de cinco alunos participou de todo o processo. Eles passaram por análises sensoriais, aulas de história da cerveja, degustações e puderam testar alguns dos materiais desenvolvidos especialmente para eles. Os interessados em participar da próxima turma podem registrar interesse no site https://www.brahma.com.br/campanhas/sommeliers-extraordinarios.
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