Franquia ou Loja própria de Cervejas?

Em alguns post no nosso blog, estamos expondo várias frentes sobre o tema – “Franquia ou Loja Própria?”. O Homem Cerveja já conversou com a galera do EAP, do Mestre-Cervejeiro e agora MR. Beer para saber mais sobre vantagens e desvantagens neste setor.

Confere ai a entrevista que fizemos com Miro Leite, que recentemente resolveu apostar na franquia Mr. Beer.

1) O que levou vc a se interessar pelo mercado cervejeiro?
Venho do mundo da tecnologia. Passei por várias indústrias, como as de Internet e Bancária, sempre na TI, mas de uns anos para cá comecei a perceber uma mudança no mercado de tecnologia, algo próximo da frase “a diversão está acabando”. Como sou adepto da diversão como driver de performance, comecei a procurar alternativas, e uma delas foi o mercado cervejeiro. Avaliei com lupa e verifiquei que ainda havia tempo de entrar nele, apesar das curvas de crescimento estarem menores que em anos anteriores. De fato, ainda havia potencial, mesmo entrando um pouco atrasado neste mercado.

2) Há quanto tempo já aprecia cervejas artesanais ?
Eu já bebo cervejas especiais de longa data, de uma época em que só chegavam por aqui rótulos como Guiness, Erdinger e Paulaner. Meu primeiro contato foi na década de 1990, no extinto Planeta Cerveja, no Campo Belo. Depois dele, passei a beber em pubs como o Finnegans, O’malleys, Corcoran’s e outros. Meu contato com as nacionais artesanais se deu primeiro pela Cervejaria Continental, nos anos 1990, e depois pela Baden Baden, na matriz em Campos do Jordão, em tempos em que ela ainda era independente.

3) A decisão de abrir uma loja foi pelo movimento positivo que o mercado nacional vem apresentando nos últimos anos em relação ao consumo da cerveja artesanal?
A curva de crescimento do consumo de cervejas especiais ainda está positiva, apesar de ter diminuído o ritmo nos últimos três anos. Certamente, isso foi fator decisivo na minha decisão de abrir uma loja de cervejas especiais.

4) Por que ter uma loja franqueada como a Mr Beer e não uma Loja Própria?
Respeito muito as ideias do professor Newton Campos (IE espanhola e FGV-SP), que citam três perguntas que devem ser respondidas por um empreendedor, quando confrontado com uma decisão de mercado:
1) Você consegue fazer um protótipo funcional? (leia-se: você consegue implantar rapidamente uma versão inicial da sua ideia, loja ou projeto?);
2) Você entende profundamente deste setor?; e
3) Você conhece pessoas-chaves neste setor, ou tem uma rede de contatos sólida no setor escolhido?

Se você der a resposta sim para as três perguntas, siga em frente! Foi o meu caso com o mundo de varejo de cervejas, porém, eu tinha um calcanhar de Aquiles: eu não conhecia absolutamente nada do mundo das importações. Eu levaria meses para me tornar apenas mediano neste mundo. Desta forma, identificar um parceiro com conhecimentos sólidos e pessoal altamente capacitado nesta frente tornou-se fundamental, obrigatório.

Após analisar as opções existentes, o modelo do franqueador Mr. Beer Cervejas Especiais se demonstrou o melhor para o meu perfil de empreendedor. Eles se consideram uma start-up, o que permite muita experimentação, apesar das rígidas regras contratuais que toda franquia tem. Neste momento, estamos fazendo duas experiências de neurociência na loja, por conta desta flexibilidade.

5) Como você enxerga o consumidor de cerveja artesanal?
É um consumidor muito curioso, que deseja ser apresentado à experiência cervejeira, não a rótulos pura e simplesmente. Ele é ávido por conhecimento. adora storytelling e dicas de apreciação e harmonização.

6) Qual são seus objetivos com o empreendimento ?
Estamos dedicados full time a este projeto. Abrimos a primeira loja, já com meta de abertura de outras três nos próximos seis anos — uma a cada dois anos.
Com a escolha do franqueador adequado, o investimento em cada loja nos parece aderente e dentro de nossas possibilidades de expansão. No caso do Mr. Beer, é possível abrir um quiosque de modelo menor a partir de algo próximo a 70mil, o que é bem acessível diante da complexidade de se abrir uma loja de bebidas no Brasil.

7) Dentre as franquias analisadas a sua escolha foi a mais assertiva em que aspecto?
O Mr. Beer possui uma equipe de importação muito eficiente. Justamente no ponto em que nós tínhamos pouca experiência. No modelo deles, se desenharmos um bom processo de ponto de venda — que no nosso caso trata da proposta de não vender cervejas, e sim, experiências —, o sucesso vem naturalmente, pois a receita de importações exclusivas, mais uma boa carta de rótulos complementares, nos permite oferecer aos clientes uma experiência diferenciada, sempre com foco na evolução dos mesmos como consumidores cervejeiros. Nossa parceria com o franqueador não poderia ser melhor.
Contudo, não existe operação perfeita. Todo franqueador tem prós e contras. O que percebo ao conversar com algumas pessoas que abriram franquias diversas é um foco muito grande no que dá errado. “Tive problemas disso ou daquilo, um produto sumiu da carta e meus clientes adoram este produto…”, e por aí vai. Somos, no entanto, da filosofia de que toda dificuldade apresenta oportunidades. Qualquer modelo a que você se submeta apresentará situações aparentemente sem solução, as quais desafiarão sua criatividade para você não ser vítima e sim protagonista deste jogo. Recentemente, conversamos com um franqueado da própria rede que reclamava que um certo item sumiu da lista de opções semanais compráveis. Depois de muita conversa, conseguimos convencê-lo de que esta seria uma ótima oportunidade de apresentar algo novo a seus clientes, um rótulo complementar ou evolutivo. Assim, se posso deixar uma dica, é esta: busque oportunidades nas dificuldades, elas sempre existem!

8) A quantidade e o tipo de rótulos que a sua franquia pratica atualmente é satisfatório para o consumidor final que entende de cerveja?
No ponto que escolhemos para a nossa primeira loja — Shopping Cidade São Paulo, no miolo da Av. Paulista —, o consumidor médio possui conhecimentos entre básico e intermediário no mundo das cervejas especiais. Desta forma, desenhamos uma carta que varia entre 60 e 80 rótulos, que permite a este perfil de consumidor trafegar por cervejas de entrada em cada escola cervejeira, seguindo depois para opções mais elaboradas, permitindo a ele uma evolução natural de seus conhecimentos. Sempre apoiados na nossa proposta de experiências, levando para casa não apenas uma garrafa ou lata, mas também toda a história por trás da cervejaria e do rótulo, quais aromas e sabores ele deve procurar, ou com quais pratos ou petiscos ele deve harmonizar.
E para não deixar de fora os apreciadores mais experientes, incluímos também opções mais elaboradas e complexas em todas as escolas.

9) Qual prazo que a sua Franquia estima o retorno sobre o investimento?
O investimento financeiro em uma loja com o perfil de quiosque em dimensões ampliadas, como a primeira que abrimos, foi adequado ao formato e esperamos o break even em seis meses. O primeiro mês já demonstra que estamos em um bom caminho, com nossa proposta de não vender cervejas, e sim experiências. Este tempo talvez se reduza em um ou dois meses, se as curvas atuais se mantiverem.